Poema da Avareza Sentimental (o que me dás de ti)
O fundo da foto é azul marinho, destacando os tons claros da flor.
Poema da Avareza Sentimental
(O que me dás de ti)
Poema da Avareza Sentimental
(O que me dás de ti)
O que me dás de ti...
É tudo – e tão-somente –
o que te escapa entre os dedos.
O que tuas mãos trêmulas e cerradas
não conseguem me esconder
– por mais que tentes.
O que me dás de ti...
É um breve olhar de relance,
desses tão negros olhos acanhados...
É um sorriso do canto
de tua grande boca, mas contido.
Um acidental roçar do teu forte braço
ou ainda que um abraço,
chega a mim frouxo e sofrido...
O que me dás de ti...
É um corpo que me vem ao longe, já oscilante,
pernas cambaleantes,
braços que não sabem aonde estar...
É nada mais que uma palavra, em voz rouca.
Um suspirar ofegante... subitamente interrompido!
Privado do respirar, privado do meu cheiro...
impedido de me amar.
Ainda assim, me vem ao longe
seu coração sem cadência, assustado.
O que me dás de ti...
Pensamentos censurados
Desejos ousados – mas secretos
e discretamente sonegados.
E uma aparente – mas construída – indiferença,
O que acentua o teu charme blasé
e reputação de “pessoa mal resolvida”.
O que me dás de ti,
o que somente me dás de ti,
sem sovinices,
é a tua ausência...
Com esta, me brindas em abundância!
Ah, a lentidão das horas que me visitam
e se passam sem que eu perceba a tua luz...
Mas ainda que eu te mereça pouco...
Tão pouco, assim...
É menos do que a mim caberia...
2 Comentários:
Te dou poemas, meus sonhos... Te dou minha identidade, meu mundo e meus segredos... O que tenho de ti? Medo, coragem, força? Ou a necessidade de buscar explicações pero o lúdico, o inesperado? O que tenho de ti...
Tenha certeza absoluta que é "menos do que a ti caberia..."
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