27 de dezembro de 2009

Uma pausa para reorganizar a vida

Chego já.
Bons festejos.

9 de agosto de 2009

Porque escrevo


Descrição da imagem: a foto é toda em branco e preto, como se de um terreno em erosão, com o solo descamando. No centro da foto, discreto como um camaleão, um olha negro, de cílios longos e com uma lágrima escura escorrendo. Muito bem encaixado com o ambiente, fica meio que como camuflado. 


Porque escrevo


Escrevo pra te ter por perto.
É somente isso.
Por saber que em algum lugar
– não sei ao certo onde, talvez do meio do mar –
buscarás por mim com os olhos de tua alma cega,
todo os dias.
Em tempos modernos, leituras diárias e obrigatórias
são as chamadas do jornal on line, a caixa de mensagens,
o twitter, o site de compras em promoção.
Os meus escritos não se encontram
entre as opções recomendadas pelos especialistas,
para uma boa administração do tempo e da vida.
Estariam na classificação das futilidades.
Mas sei que tens, silencioso e furtivo,
mais um item essencial
em tua rotina diária: o Meu Jardim.
Perde-te nele,
escondendo-se dos especialistas e consultores.
Se eles descobrem que gastas tempo assim, comigo...
Buscas diariamente por mim – eu pressinto.
Interpretas imagens, observa a mudança das cores,
a nitidez das letras, remoendo as palavras
na ânsia de extrair-lhes as informações que precisas
para saber de mim.
Sei que esperas que delas saia algum cheiro ou umidade,
que te façam rememorar as lembranças doces
de nossa sobrevida em comum.
Franzirás a testa, em surpresa,
quando souberes de mim, atualmente.
Perto de ti, jamais teria coragem! Não me permitiria.
Mas assim ... solta... posso tudo!
Não há porque me poupar dos riscos, da adrenalina
e dos efeitos do cio.
Sou só eu. Me jogo.
Percorres o meu jardim todo.
E eu, furtiva, te observando
por trás das gérberas vermelhas
do jardim de delícias
(é que são as minhas preferidas).
Quero correr o olhar sobre ti diversas vezes
De cima a baixo, de cima a baixo,
Com a pressa de quem tem fome
e escorre em gotas densas.
Se me perceberes a presença,
ah, aí me exibirei,
com a pouca roupa que me reste,
em passos de gazela, jogando os cabelos para o lado
simulando displicência
disfarçando a orquestração
de minhas atitudes programadas e sedutoras,
feitas para te causar espamos.
Ah, os odores...
Exaustivos ensaios para o caso de te olhar nos olhos.
Mirar-te-ei fixo - é o combinado.
Mas a ave de rapina que não come há dias
vai me denunciar e te mostrar as marcas,
aquelas dos pulsos, que só você conhece.
As que se escondem
entre as pedras e miçangas que me adornam.
Venho escrevendo para te ter por perto
Uma sherazade dos tempos modernos,
de jeans e lap top na mochila.
É o visual que me cai bem,
(embora a profissão e a idade queiram me impor outro).
Sei do teu encanto pelo que sai dos meus lábios
e das pontas dos meus dedos.
Então, despudorada, me exibo em palavras.
Escrevo para que me sinta latente em tuas veias grossas,
as que alimentam os teus braços
cujo calor e a firmeza me encantam sempre que te vejo.
Palavras saindo em fluxo de violenta pressão,
porque tenho urgência de ti.
Escrevo para que me sinta quente e úmida em tuas mãos
Acostumei assim, a não poder, a todo momento,
te encher dos beijos
e da pressão da minha boca, nos pontos certos.
Acostumei assim,
a te encher de letras e palavras roucas em grafite,
ou de letras de forma pontiaguda no computador,
como flechas.
Há tempos que os meus beijos
são os de batom púrpura em papel de escritório,
marcando o fim do que te escrevo
Nunca chegarão a tuas mãos, como, de fato, seus.
Uso em meu favor o benefício da dúvida:
a publicação.
Em versos, há a desculpa do personagem,
de que se trata de ficção.
E me divirto em saber que isso te atordoa.
Uma mulher má...
Abaixo, sempre assinado
em discreta caneta preta: A Sua.

22 de fevereiro de 2009

ESTOU EM CONSTRUÇÃO.

ESTOU EM CONSTRUÇÃO. EU E O BLOG
VOLTAMOS JÁ, PARA REGAR AS FLORES E CUIDAR DO JARDIM.

18 de fevereiro de 2009

Sem Nome...


Descrição da imagem: parede marrom, com porta e rodapé brancos.  a porta está levemente aberta, por onde se vê que é dia claro.


Sem nome...


Fui cuidadosa e discreta como sempre pedes.

Saí, fechei a porta, duas voltas na chave, e a engoli, como se recomenda para os momentos em que cabeça, coração e útero caminham separados, cada qual para onde bem entende.

Ao menos, por um tempo, eu não poderei voltar, como orientam os especialistas na arte de amar e de manter os relacionamentos duradouros.

Quem sabe, assim, você note que eu não estou por perto, e a seu dispor.

Cheiro de comida carinhosamente posta a mesa.

Tudo como te agradas – não teria porque partir de outra forma.

E sequer sentisses minha ausência (fui cuidadosa para que isso não acontecesse).

Durante dias, vivesses com o que sobrou de minha última passagem pela porta. Era um misto de sombra e respingos de água, frio, cinzento e com cheiro almiscarado.

Eu fui. Ficou o som seco, os aromas, a fraca força de vontade e as outras coisas assim... 

menos consistentes. As coisas que nos seguem somente dias depois de já termos passado pela porta, pois elas têm seu próprio ritmo, mais lento.

Eu fui...

E as razões, são as de sempre: uma certa dose de emoção que me faltava para sorrir; a vida que se esvaia pelo corte em T, feito em meu peito; a tua incapacidade de dizer as palavras que eu preciso, para continuar respirando; ou a incapacidade de permitir que eu olhasse em teus olhos (eu poderia extrair de lá, sozinha, a força que carecia para, não vergar no meio do caminho).

Se ao menos eu te tocasse com a ponta dos meus dedos, sorriria por um minuto e te seguiria por mais algum tempo.

Talvez, assim eu tivesse forças para te servir a mesa mais uns dias.

Para sempre, não. É que "sempre" não existe.

Sem as palavras, um dia ... um dia, eu iria...

Melhor assim, enquanto não se fincam as tuas raízes.

Capinei o jardim de meus sentimentos, arranquei as ervas que julguei daninhas, todas com as minhas quentes mãos de afeto.

Com carinho, amassei, quebrei, arranquei brotos, danifiquei as raízes, me certificando de que nada mais nasceria.

Apliquei os defensivos necessários a tornar a terra de mim infértil.

É que cada vez mais temo que brote vida da aridez que cuidadosamente cultivo.

11 de fevereiro de 2009

A hora que dói.


O dia cái e as dores crescer.

Sinto falta da vida que desaparece.

Saudade dos cheiros, dos calores

da mescla de vozes

do barulho dos calçados,

dos abraços, ainda que mal dados.

Ficamos só eu e este silêncio rouco

confortavelmente acomodados

no sofá de dois lugares

da sala vazia de minha vida.

Fumo meu cigarro com filtro.

Bebo meu gole de café.

Meus vícios, agora,

são bons e fiéis companheiros.

Confio neles.

Eles nunca irão me abandonar.
Descrição: foto em branco e preto. Pessoa largada em um sofá, olhos semi abertos, aparentando tristeza

10 de fevereiro de 2009

"Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da mágica" (A.C.Clarke)


2009 chegou mais cedo.

Ele chegaria somente no começo de março. Mas para mim, de repente, chegou.

Assim, sem aviso prévio, como pedem as coisas sérias e respeitáveis. Ao menos, assim dizem...

Ele chegou. Austero, cinzento, carrancudo. Tá bom! Respeitável.

Me percebeu de canto de olho, sem sequer levantar a cabeça da página embolorada do livro que sempre carrega. A página de minha vida. A que teima em não ser virada. A que não se justifica mais que se permaneça sob a mira de seus pequeninos olhos atentos.

Sobrancelhas sempre franzidas, para evitar aproximações indesejáveis. Todas o são. Mas pareço ter um talento nato para nauseá-lo.

Aponta-me o caminho assim, sem levantar a cabeça e nem me olhar nos olhos. E ainda que cansado, se prepara para o movimento do virar da página que há tempos anseia.

O tempo anda cansado de me esperar...



Descrição da imagem: borboleta de asas fechadas nas cores branco, preto e vermelho, pousa em uma mão.

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