3 de junho de 2010

Jurandir Bozo - o Encantador de Serpentes

Me apaixonei por este moço desde a primeira vez que o vi.

Hoje ele faz parte de minha existência. E sua música e poesia me acompanham os dias. Os tristes, e os alegres.

Divulgar os segredos que lhe correm pelas veias é sempre uma honra, e até uma missão, em nome da cultura alagoana.

Convido a todos a visitarem o meu maravilhoso Jurandir Bozo, cujas músicas estão disponíveis no My Space. Para escutá-las, clique aqui. Lá, há também vídeos disponíveis.

"O artista popular Jurandir Bozo surgiu nas paragens do sertão no baixo São Francisco onde banhado pelas águas doces da cidade de Pão de Açúcar se encantou desde menino pela cultura popular, e assim, veio trilhando seu caminho a mais de quinze anos de luta e paixão pela música popular alagoana.

Dirigiu vários espetáculos (O que Vem Depois dos Mestres, Poeira-AL, Quilombagem, O terço segundo Mateus, entre outros) de grande repercussão local, e, um deles, Verdelinho e seus Convidados no teatro Deodoro, acabou firmando uma parceria forte com o saudoso mestre gerando várias apresentações na cidade de Maceió e cominando na produção artística do Cd Unirversando, do mestre Verdelinho.

Jurandir Bozo foi fundador e vocalista da banda Poeira Nordestina, tida como umas das bandas que mais valorizavam a cultura e a música alagoana, influenciando sua geração no sentindo de buscar com pesquisa suas próprias raízes. Em sua trajetória, a proximidade com os ritmos populares vem como característica maior de uma história que a cada dia se consolida com espetáculos que difundem essas manifestações culturais, mas de forma emocionante, divertida e envolvente, levando o nome do seu Estado e de sua cidade por onde quer que vá. - Além de músico, arranjador é produtor cultural, - Dirigiu vários espetáculos de música e teatro. -

Trabalhou como professor em escolas e ongs , levando a seus alunos os saberes das culturas populares enquanto contador de estórias, ator e diretor de teatro de rua. - Poeta, improvisador de emboladas, cantador e percursionista, ator e diretor, o artista mostra a sua versatilidade em diversas áreas da cultura popular e da arte contemporânea".


O ENCANTADOR DE SERPENTES

Estrela (disponível no blog Palavras de Absinto).
Eu já sonhava com a textura do teu toque,
quando o palco ainda era tua morada.
Eu já imaginava o calor de tuas mãos,
desde a primeira vez
em que te vi acariciar a pele das congas,
ordenando tuas vontades em gestos,
e elas, alucinadas, te obedecendo em ritmos.

Eu recriei em ondas cerebrais o teu grito rouco e forte,
quando meus ouvidos só conheciam
as primeiras nuances de tua voz cantarolando em falsete,
dando ritmo as mulheres que te adornavam o solo.

E já sabia que um dia tu descerias do tablado,
e buscar-me-ia com os olhos em meio ao público.
E quando me achasses, sorririas,
e com calma entrarias em minha vida,
como se há muito ela já fosse tua.

De antemão, eu sabia que me olharias nos olhos,
e me afagarias as mãos.
E que me dirias coisas profanas ao ouvido.
Segredos nossos, do que ainda teríamos a sobreviver,
mas que eu já colecionava e, por isso, não me assustavam.

Disso tudo eu sabia,
porque antes do fim do show de tua vida,
antes de desceres do palco
eu já havia pedido licença ao meu sagrado
e tratara de exercer minha arte, o meu ofício,
para restituir-lhe o feitiço em gênero e em número,
mas em grau mais intenso.

Para ter-te meu, como me tinhas,
Tive que te fazer cativo do meu enredo.
Teci-lhe uma longa e emaranhada história,
cheia de nós e pontos reversos,
na qual eu trançara, cuidadosa e antecipadamente,
o roteiro que eu queria que tivesse a nossa sobrevida.

Pedi licença ao teu profano
e estreei no teu palco a minha fábula,
cheia de heróis, príncipes,
capas, espadas e dragões vencidos.
Nela, não haveria piedade para os maus.
Também não haveria donzelas,
até para que não houvesse necessidade de dublês
e com isso inchasse o orçamento
– já que dinheiro é sempre problema nos relacionamentos.

No palco, só eu e você.
E o final era de múltipla escolha,
qualquer deles, venturoso.
É que tínhamos nos pulsos
como garantia de vida, a marca dos afortunados.
O sinal profundo, feito a ferro e fogo
pouco depois do nascimento,
e que nos identificaria quando, enfim, nos defrontássemos.
Por ele, perdíamos o medo,
pois sabíamos que juntos,
separados pela vida ou por outros amores.
Em qualquer dos finais, seríamos “felizes para sempre”.

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