2 de janeiro de 2010

Chegue, 2010.

Licença poética, meus amigos. Em nome da arte a gente pode dizer o que quiser. Mas é bom lembrar que não intensiono afetar a fé de ninguém. Respeito à humanidade é algo que efetivamente faz parte de meus dias. Apenas uma forma transversa de ver o ano novo, pelo viés do que continua em aberto em nossas vidas. Boa leitura; boas reflexões.


Vamos começar 2010 com histórias tristes que são as que nos trazem os leitores
e nos levam para o topo dos best sellers (quero virar celebridade este ano. E ganhar dinheiro com isso, claro, rs).
A minha vida? Igual.
Os meus amores? Os mesmos.
Os meus males? Os já conhecidos; mas fortalecidos.
Minhas alegrias? Asfixiadas.
Minha vida? Segue morosa para o que me entedia, e se distancia do que me faz brilhar os olhos.
Poderia ser mais triste!!!???
2010 parece uma "retrospectiva do não-acontecido"¹ de todos os anos que já vivi. E já são muitos, rs.
Desculpa, mas não acredito na mágica das primeiras horas do ano. Acredito não.
Não salto ondinhas e a lentilha estava gostosa demais e eu não resisti: comi na véspera da véspera.
Será por isso que levo tanta pancada do tempo? Por que não cumpro as normas regulamentares para se ter um ano bom?
Para mim, as primeiras horas não têm o condão de tornar realidade o que desejamos, por mais intensidade que coloquemos nas preces.
Isso sem contar as vezes que desejamos o indesejável.
"Desejar paz"²??? A paz se constrói sozinha, como resultado de desejos de liberdade, igualdade, justiça e solidariedade (viu? O que já se desejava e proclamava em 1789; e até hoje não conquistamos em sua plenitude).
Vamos desejar escolas, um SUS decente e uma polícia eficaz?
Vamos desejar que nossa individualidade e indiferença vá se asfixiando em cada um dos 365 dias de 2010?
"Boas festas e muita paz", em verdade, deveria ser: "boas festas e que Deus te dê um HU descente, em que você seja atendido em menos de cinco horas de espera". Ou: "Boas festas, e que o CEAG/Cepa³ capacite seus professores e os filhos de seus vizinhos cheguem a 4ª série sabendo ler de verdade " (sim, porque para você, meu amigo, eu vou desejar que Deus te permita arroxar as contas e colocar seu filho em uma escola particular). E, ainda, "Boas festas e que a polícia, mesmo desaparaelhada e desmotivada consiga chegar aos verdadeiros bandidos de Alagoas, os que nos roubam a paz, o direito à saúde, à educação, ao trabalho e a tantos outros direitos humanos". E "boas festas e pare de olhar para o próprio umbigo".
Ah, isso sim, é desejo e voto de um bom ano novo... pelo menos para a maioria (não tenho mais a ilusão de que 'todos' seja um termo que contenha toda a humanidade. "Todos" significa: os que estão ao alcance de nossos olhos).
Que o tempo flua o mais lento possível, Senhor de minhas angústias e anseios.
Quero estar por aqui quando essas coisas começarem a acontecer.
Eu sei, nada disso se instalará numa boa.
Temos que chegar aos níveis intoleráveis de desrespeitos para que o poder faça pequenas concessões para permitir o resto da humanidade respirar.
A história ainda se repete, século após século...
Em verdade, as concessões são partes pré-agendadas do sistema que, por si só, já nos consome a vida. Aquele do qual somos escravos.
Em verdade, as guerras são as pessoais. As que travamos com nós mesmos, para descortinarmos a vida, suportamos a dor e não enlouquecermos, nem desistirmos no caminho.
Estou pronta para a minha guerra. Ah, se estou!
Cortei bem curtos os cabelos. Numa guerra não se deve perder tempo com vaidades. Ainda assim, fiquei linda!
Fiz minha última celebração entre os amados e vesti a roupa camuflada (é essencial passar despercebido).
E venha, 2010, que eu tô braba feito a gôta,
te mato no peito e em dois lances eu te domino, rs.
E entre uma jogada e outra, me permita, Senhor meu, os lapsos de felicidades dos humanos, que é para conseguir forças para chegar em 2011, ainda que seja só para, mais uma vez, realizar "a retrospectiva do não-acontecido" em minha vida...


1. Parafraseando o talentoso Macléim Damaceno, em seu artigo postado no http://sosjatiuca.zip.net/arch2006-01-01_2006-01-31.html
2. De uma conversa muitíssimo proveitosa sobre o que esperar de 2010 com a amiga e profissional respeitadíssima na área dos direitos humanos e ambientais: Viviane Gurgel.
3. Complexo de escolas estaduais em Maceió.

Retorno

Não organizei a vida tanto quanto queria; mas estou de volta, rs. 
Venha, 2010, que eu tô braba feito a gôta, e te domino, no máximo, em dois lances, rs!

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