22 de dezembro de 2006



Estarei na roça, off line até 03/01/2007.

Para todos, bons festejos.

Meu balanço em 2006: positivo.

Que venha 2007!!!

Estrela

21 de dezembro de 2006

Contraditório

Descrição da imagem: a frente de fundo escuro, composto pela vegetação do local, uma flor branca, em que pistilos amarelados e esverdeados pendem.. Uma das folhas tem tons rosa e alaranjados.


Contraditório


Contraditório, este sistema do tempo.
A gente vai ficando mais velho
e aí vai entendendo
o funcionamento das coisas
e o nosso próprio funcionamento.

E fica mais “ligth”, mais descolado.
Já não “encuca” tanto com bobagens.
Mas, ao mesmo tempo, vai ficando mais seletivo,
mais exigente, menos tolerante.
Estranho conter em um mesmo lugar
dois sentimentos tão antagônicos,
o “exigir” e o “permitir”.
Só mesmo a sabedoria da vida,
para dar resposta
a equação tão delicada de sentimentos.

Que somos nós?
Somos caos em busca de equilíbrio?
Ou equilibrados com surtos violentos?
Cabo de guerra de sentimentos reversos.
Talvez a resposta exata
nos chegue com o fim dos nossos dias.
Uma pena...
Tarde demais vamos constatar
que muita dor poderia ter sido evitada no caminho.

16 de dezembro de 2006

Coleção


Descrição da imagem: várias margarinas repousa sob fundo escuro de outras vegetações.



Coleção



Há muito coleciono perdas.
Tenho um álbum cheinho delas.
Todas organizadas em catálogo,
uma por folha.
As mais esquisitas,
eu mantenho em lugar de destaque,
em páginas decoradas com adesivos coloridos,
para que se chame atenção, como devido.
Luas, sóis, flores, boquinhas e estrelas sorridentes
fazem à moldura de minhas esperanças malogradas

Ultimamente, tem tanta gente
colecionando desencantos
que se não tomo providência logo,
minha coleção sairá do primeiro lugar do 'rancking'
e quero ser sempre a melhor da categoria.


Preciso aumentar minha coleção.
Tenho uns desgostos repetidos
que não exponho, sabe?
Estão guardados em uma caixinha alaranjada,
tudo muito bem conservado na memória.
O motivo é que são exemplares raros,
mas que para mim
aconteceram uma segunda vez.
Tem alguém com desapontamentos duplicados,
disposto a fazermos troca, um por um?

14 de dezembro de 2006

Segredos


Descrição da imagem: num tapete de vegetação verde repousam florzinhas parecidas com margarida, 
só que em tom rosa bem chamativo e com miolinho branco.

Segredos
(Para Beatriz, também)

.
Eu conheço o teu mundo, pequena,
e nele também fiz morada
e me protegi por longos anos
entre os arbustos frondosos
e as flores gigantes de girassóis.

Conheço tuas fadinhas,
teus duendes,
e os teus príncipes também,
pois com eles convivi
entre aventuras e sorrisos.
Corremos juntos atrás do arco-íris,
dos vaga-lumes e das libélulas apressadas,
e nos atirávamos nos riachos cristalinos
e do alto dos penhascos em vôos rasantes.

Sei dos teus medos,
pois também vi os dragões
e os vampiros de olhos vermelhos
que se escondiam entre os sonhos bons
tentando surpreender.
E são assustadores, mesmo.
Mas asseguro a ti: não temas; tudo vai dar certo.
No final, é você quem vai vencer.

Tenha calma, portanto.
E desfrute das árvores que falam,
das nuvens de algodão que brincam
e dos rios de chocolate que se oferecem.
E confidencio: farão falta,
quando finalmente
vieres inteira para o lado de cá
onde tudo está envolto
em névoa cinzenta e pesada,
por nossa própria ousadia
de nos permitir entristecer
com coisas pequenas e sem importância.

E aconselho: guarde tudo na memória.
Guarde as lembranças todas.
Dos sóis sorridentes, das joaninhas lustrosas
e dos sapinhos peraltas
que brincam nas vitórias-régias.
Eles são o combustível para seguires adiante.
É que essas tuas coisinhas todas
são ensaios para as coisas grandiosas
que estão desenhadas em teu caminho, verás.

Sim, já me mostrasses teus propósitos
desde as sensações em meu ventre.
Impetuosa, determinada, resoluta.
Viesses com teus sinais e tuas missões.

Segue teu caminho.
E segue com flores nas margens,
com nuvens que guardam,
com luas que acompanham a caminhada
e com estrelas que iluminam tudo
para que não tenhas medo.
Nunca esqueças de necessidade de cor e versos
que tem os que nasceram de um sonho, como você.
Anjo meu, anjo de mim,
viver é o nosso segredo.
Guarde-o com cuidado.

13 de dezembro de 2006

Um dia atrás do outro

Descrição da imagem: sob fundo escuro composto de outras vegetações, 
uma junção de várias flores pequeninas e brancas foram um buquê natural.

Um dia atrás do outro


Os dias vêm se sucedendo
numa cadência que não me diz respeito.
Os dias nascem e se encerram
com o mesmo colorido,
o mesmo calor ameno
e a mesma penetração de luz.
Nada muda.
A vida parece não caminhar em meu ritmo.
Sim, sei que ela passa. Sei sim.
Vejo as marcas da vida
na pele de minhas mãos
e ao redor de meus olhos.
Odeio esses sinais do tempo!
Não poderiam ser outras,
em locais menos visíveis,
essas marcas do que vivi?
Não poderia a aridez da idade
se concentrar toda num lugar só
lá na sola do meu pé esquerdo,
como um arremate bem feito,
onde eu só pudesse vê-lo
com muita dificuldade, em contorsão?
Ou por que não no avesso de minha pele,
lá pela nunca, perdido entre os cabelos
em costura de fio invisível?
Construí minha vida, estou certa.
Sou inquieta demais p
ara ficar na janela escutando música.
Mas nos últimos tempos
os acontecimentos parecem
alheios a meu ritmo.
A vida parece ter me esquecido
em algum cantinho sem graça,
em alguma estrada marginal,
e nada me acontece, que seja digno de registro.
Estou numa espécie de ponto de apoio
onde as pessoas param,
se entregam ao cansaço,
se recompõem tomam fôlego e prosseguem.
Sou a que diz as palavras de perseverança
bravura e intrepidez.
A que dá força para prosseguirem.
Mas quando elas se animam e vão adiante,
permaneço em minha melancolia atonal,
parada, no tal cantinho
aguardando não sei bem o quê,
e vindo não sei de onde.
Sou, mesmo, da equipe de retaguarda.
A que nunca vai cruzar a linha de chegada,
a que nunca vai receber a taça no podium
mas que participou ativamente da campanha,
no suporte, nos preparativos, nas negociações.
Nunca conduzi feitos magistrais,
mas sempre estou por perto
de quem os deu vida.
Uso bem, e em meu favor,
as descobertas alheias,
mas nunca inventei nada 
que viesse a me trazer glória ou prestígio,
ou que levasse meu nome
a ser citado em conversas alheias
travadas há quilômetros de distância.
Só uma vantagem:
se de bom não me vieram ocorrências,
ao menos os infortúnios passaram longe.
Os que amo, não morreram ainda.
Os que convivo, não se machucaram
e nem machucaram ninguém.
A vida segue sua cadência,
num som grave, de batida oca, faceiro,
mas em tom de acompanhamento.
Batuque que sozinha não forma melodia.
Dilema: não sei se espero
a vida concluir esse seu ciclo enfadonho,
em marcação amena,
ou se acelero os ritmos de meu coração
e me atiro desvairada numa rota que não é minha
só para sentir o gosto apimentado
da aventura alheia.
Sinto que esses dias não me pertencem.
Foto: Emanuel Galvão (novembro/2006)

Missão no meu mundo


Descrição da imagem: várias flores azuis, de centro branco e amarelo, com raios saindo do centro da flor,em tom mais escuro de azul, a imagem só foca as flores.


Missão no meu mundo
A minha ordem não tem graça alguma.
As coisas se dispõem compassadas
mas o ritmo desse compasso militarizado
é enfadonho em minha vida.
Vivo assim neste mundo.

Qual a última vez que andei descalça?
Deve ter sido o primeiro.
O primeiro e o último dia de aventura
se fundiram num só.
Provei e reprovei a idéia de liberdade
em um só ato.
Não tenho tempo
Para as coisas simples do mundo.

Tenho idéia fixa
em viver tudo o que tenho como meu,
por todo o tempo que possa.
E aí não tenho tempo
para muita coisa que reste no mundo.

Alguns vieram com propósitos
tatuados no pulso, na nuca, na sola dos pés.
A mim nada mais importa
que completar minha missão terrena.
A que foi tatuada em outro mundo.

Então, o tempo que seria tempo
de nada fazer, eu dedico a remoer idéias
e a decifrar enigmas
de um universo mais justo e solidário
que o que se põe.
Muitos vieram com a mesma marca.
Temos a missão de melhorar o mundo.

Nas horas que deveriam ser as vagas,
as dedicadas ao nada, não relaxo.
Nada de recreio, nada de intervalo.
Construo, destruo e reconstruo,
sem trégua.
Tenho a obrigação de melhorar o mundo

A minha ordem me mata aos poucos.
Mas, cedo ou tarde, quem é que não vai morrer?
Então, pouco importa. Permaneço.
Se me foi dado vida e itinerário,
faço por onde merecer o mistério do mundo.

Incito povos, por meio do sangue misto que me habita,
fomento revoluções pessoais,
instigo discussões homéricas entre o ego e o id.
Quero ser o melhor que possa,
com esse corpo e essa mente com que vim ao mundo.

Alimento a alma, instruo a mente,
e para o corpo, litros e litros de creme hidratante
e óleos essenciais.
Tenho obrigação de ser o melhor possível,
neste mundo.

Ser agradável aos olhos faz parte da missão.
Fica mais fácil o convencimento, a persuasão.
Então me visto de brilho, seduzo, sorrio,
lanço olhares como flechas de conquista,
acendo incensos e conquisto o mundo.

8 de dezembro de 2006

Duas gotas de delírio

Descrição da imagem: sob folhas verde, duas flores rosa claro, com centro amarelo


Duas gotas de delírio
(13/11/1987)
Corro em direção ao sol
Na procura do que me dê forças
e sozinho não consegui encontrar.
Vou de carona num coração qualquer, de borracha,
que tem a forma que sonhei e nunca se rompe,
não pedindo alimento.
Ando de costas: tenho medo de traição.
Respiro fundo na esperança de purificação.
Tenho medo das palavras dos homens
Evito olhares que se cruzem e se choquem em dor.
Desvio os sorrisos que me causem espanto ou admiração.
Sei que sempre quero demais.
Mas tem muita coisa omitida em meu desejo.
Também sacrifico sonhos, coleciono frustrações.
Só que destilo tudo, e aí viram versos.

Estimulando algodões

Descrição da imagem: ao centro de um fundo escuro, composto por outras vegetações, duas flores brancas, de centro rosado e amarelado. Uma delas se encontra no foco e a outra desfocada.


Estimulando algodões
(25/11/1987)
À primeira vista, parece algodão
Algodão doce
Branco ou de leve cor
O cheiro é de amor
Macio ao tato
Gelatinoso à carícia
Receptivo às sensações
Respondendo às minhas fantasias
Cúmplice
Devoro com o meu desejo
Tateio em meus sonhos
A resposta que preciso é a tua procura
Pelas minhas mãos em teus seios.

Vácuo

Descrição da imagem: em fundo verde, uma flor parecida com a margarida se encontra posicionada ao centro. Só que é toda amarela.

VÁCUO
(Julho/1987)




Caminho por meio de sonhos sonoros.
Traio a confiança de meu corpo cansado e doente.
Grito para o nada e espero o retorno do eco
Vindo do oco de meu vazio anterior.
É promessa, sim : juro me querer para sempre.
A mim faço essas promessas e outros fúteis desabafos.
Minha morada é no coração de quem há muito já se foi.
Corro pelo arrebol de minha consciência
Ela brilha, cansada, insistente.
Me procuro...
É claro que não me encontro.
Eu não existo!!!

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