22 de setembro de 2006

A dor do fim do mundo

A DOR DO FIM DO AMOR.
O fim dos meus amores
me ajudou a entender
e a aceitar a morte
com menos covardia.

Ao final dos meus amores
experimentei o gosto da morte
– sei disso.

Não de qualquer morte,
mas da lenta e dolorosa,
da recuperação com recaídas,
da renúncia e do desapego
de quem quer se ver livre da dor
que já não se suporta.

A dor que por tantas vezes
me traspassou de cima a baixo,
como uma lança,
quando meus amores partiram,
ou quando eu deles desisti
(por me faltar opções),
não deve ser menos assustadora
que as manobras cirúrgicas,
os exames de risco,
e as tentativas de prolongamento
quando a vida anuncia
que vai se esgotar.

Arranque-me órgãos,
coloque-me outros,
conecte-me a máquinas
– qualquer coisa –
mas faça parar a dor do amor.
Preciso que chegue o alívio.

Desejo a má notícia,
por ser mais indiferente
e menos inquietante que a incerteza.

Espero...
é o ritual de passagem.

Que me venha a morte,
que já não me assusta.

Já fui dos que só acreditavam
na felicidade a dois.
Hoje, mudei:
sou dos que não acreditam na felicidade.

A dor do fim dos meus amores
não deve ser muito diferente
da dor do fim da minha vida. 

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