Montanha Russa (de amor não se morre)
Descrição da imagem: folhas verde intenso ao fundo da foto. da árvore pendem vagens e um pequeno buquê de flores brancas e rosadas.
Montanha Russa(de amor não se morre)Do zero à centenas de quilômetros,
.
em frações de segundos,
foram direto ao clímax,
ao ápice do amor
que lhes sorrira uma certa noite.
A cada dia,
um crescente de emoções.
Sensações térmicas,
habilidades mútuas,
almas gêmeas
frio na barriga,
grito adocicado guardado na boca,
esperança de velocidades, curvas
e manobras amorosas.
Mãos aceleradas para o toque,
peitos abertos,
corpos desejosos de entrega,
olhos em feitiço,
feições de encantamento.
Seguidos sustos:
mais uma curva, mais um risco...
prosseguiam.
Espécies perfeitas
da mais abjeta
e apaixonante invenção divina:
o amor.
Entre risos e alegrias
eles sabiam certo:
hora ou outra
viria o declive,
em capa cinzenta,
de surpresas e sobressaltos.
Excitante, mas sem a segura
alegria de construção.
Quem se prepara para a queda?
Quem deixa de voar por sabê-la existente?
Eles não! Foram adiante.
Não sabiam a que altura chegariam,
onde iriam parar e nem como retornar.
De nada tinham certeza.
Mas bastava que seguissem.
Gostavam do risco,
Do grito de temor, da gargalhada sonora,
tudo junto, ao mesmo tempo.
Braços abertos, apontando para o alto,
Parte em súplica ao sagrado:
“Deixe que seja para sempre...”
Ainda assim, esperaram a queda.
E que queda!
Proporcional ao impulso
que os jogara para cima,
e em êxtase,
nem perceberam direito a força.
Seu único alento:
após levantarem
sacudirem a poeira, esticarem as roupas
e se refazerem do susto,
se bem quisessem,
poderiam voltar às delícias
e aos medos repentinos,
sem nem intervalo
pois já haviam sacado
que de amor não se morre,
mas que dele se renasce e se recria.
Foto: Emanuel Galvão (agosto/2006)
Seja o primeiro a comentar
Postar um comentário