21 de outubro de 2006

The End


Descrição da imagem: ao fundo se vê o verde da folhagem.  
Percebe-se algumas margaridas em segundo plano. 
Ao centro, em primeiro plano, uma margarida onde repousa um pequeno besouro;


The End

Você viu o meu passado por aí?
É que parece que ele resolveu voltar
e passar para mim em "avant premiére".
Versão nova de filme antigo
um algo, assim, que eu já vivi,
mas de cores novas.
Remasterizado, colorizado eletronicamente,
com legenda de letras graúdas
para permitir o entendimento
dos que não compreendem meus motivos
a linguagem do meu amor,
a força da minha dor
e minha permanente necessidade de solitude.

Com todos os novos recursos tecnológicos
a meu dispor, o filme de minha vida
parece atraente e até necessário.
Surpresa:
e não é que meu passado é feliz!?

Ah... saudosa,
me vem o desejo de revivê-lo.
É claro que estrearia versão nova
com atores jovens,
belos e bem mais preparados
para as tantas cenas
que antes me pegaram de surpresa.

interpretariam algo mais moderno.
Amigos "on line", relacionamentos em rede,
amores de "internet", sexo virtual.
É preciso aderir
aos confortos da modernidade.

Cenas sem condição de serem refeitas
e melhoradas, seriam cortadas.
Desnecessário dar publicidade
aos tropeços e enganos.
Omissão para as vergonhas
e vexames que passei.

Só permaneceriam os momentos doces,
entrecortados por doses de emoções
fortes, mas belas,
como o exato quadrante das estrelas
do momento em que me entreguei,
sem reservas, ao meu primeiro amor;
os aconchegantes braços de minha cria,
abertos em minha direção
quando os nossos olhares se cruzam;
e a lágrima que me escapou por covardia,
quando providenciei os cortes em meu peito,
para que por eles vazassem um sentimento
que até então me destruía de dentro para fora.

Final feliz, mais uma vez – faço questão.
A diferença seria estética:
efeitos especiais para garantir
um pôr-do-sol avermelhado,
um mar calmo e prateado ao fundo,
brisa amena, cabelos ao vento, a fotografia ideal.
E eu me sentaria
em uma aconchegante pedra cenográfica
– depois dos trinta,
o conforto em primeiro lugar –
e lá permaneceria após o "fade"
de dois gumes e que nos alivia,
mas impede de vislumbrar, com segurança
o que acontece depois do "the end".

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