Seara em ruína
Foram-se contigo as idéias e as tintas.
Todos eles te seguiram em cegueira,
pois são servos de tua luz.
Agora, o que me sai da boca
é cinzento e sem lume.
O que me escapa aos dedos
é horizontal e circunspecto
Não me acostumei com as perdas.
Não me acomodei a elas,
por isso os pesadelos monocromáticos.
Vez por outra
me pego de caneta em punho
rabiscando inutilmente
as folhas dos cadernos que restaram.
É o desejo que as cores voltem.
Mas não voltam. Nem nos sonhos.
Tantos dias já se passaram
sem um sussurro,
sem um soprar de brisa,
que poucas já são as chances de retomada.
Ao que parece, acabou.
Secaram os sorrisos
Murcharam os desejos
Humilharam-se as flores.
Ao certo, somente as lembranças.
E essas, eu ainda não defini em mim
se são frutos de delírio
ou restos de frustração.
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